Enquanto Cristo não vem o que é que estamos a fazer?

Imagem: https://cebi.org.br

Num dia destes, recordei-me de uma brincadeira da minha infância em que se cantarolava uma música mais ou menos  assim: “Brincando na selva, enquanto o lobo não vem”. Depois perguntávamos o que é que o lobo estava a fazer. De seguida, uma personificação do lobo respondia, para a nossa alegria e diversão. A brincadeira continuava com a aparição da pessoa a fazer-se de lobo naquele dia tentando apanhar a criança que não fugisse a tempo. Bons tempos! Mas, esta recordação fez-me pensar sobre um assunto muito sério. Os cristãos estão à espera da segunda vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, portanto, enquanto Ele não vem o que é que estamos a fazer? 

Há uma pista em Gálatas 4:19, que diz: "Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós". São palavras do Apóstolo Paulo aos irmãos que estavam na Galácia. Na carta, o Apóstolo manifesta seu descontentamento com o tipo de religião que os irmãos estavam a seguir - influenciados por falsos mestres. Uma religião que só tinha aparência de piedade, apelando pela guarda de dias da semana e pelo abster-se de certos alimentos, mas que se esquecia do verdadeiro objectivo do sacrifício do nosso Senhor Jesus Cristo.

O Apóstolo chama-lhes de filhinhos e diz que sente outra vez as "dores de parto", ou seja, a referência "sentir outra vez as dores de parto” deixa claro que eles já haviam nascido de novo. Mas que estavam tão distantes do real propósito que é como se houvesse a necessidade de nascerem de novo novamente. A seguir, Paulo mostra o propósito do seu trabalho. Aquilo que queria alcançar com as pregações, com os sofrimentos pelos quais passava para pregar o evangelho. Paulo passava fome, perseguições, ameaças de morte, apedrejamentos... É melhor deixar que ele mesmo fale: "São eles servos de Cristo? — estou fora de mim para falar desta forma — eu ainda mais: trabalhei muito mais, fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas." (2 Coríntios 11:23-28).

Por quê tanto sofrimento, Paulo? Para quê sofrer tanto? A resposta está precisamente em Gálatas 4:19: "para que Cristo seja formado em vocês". Ou, noutra versão da Bíblia: "até que Cristo seja plenamente desenvolvido em vocês". Portanto, os Gálatas estavam completamente distantes do propósito ao tentarem seguir uma religião de obras que não é capaz de cumpri-lo. O propósito é formar cristãos!

Será que somos diferentes dos Gálatas? A nossa geração de cristãos vive uma religião com tanta aparência de piedade, andamos com Bíblias grandes, bonitas, feitas sob medida, da mulher, do homem, do adolescente, de estudo, africana, europeia... Frequentamos templos sumptuosos, bem ventilados, com pastores bem vestidos, coros bem afinados, pregamos nas esquinas, mercados, táxis, em páginas no Facebook... Mas, será que o Apóstolo Paulo não teria a mesma preocupação connosco? Será que Cristo está a ser formado em nós? Será que estamos criando imitadores de Cristo? Portanto, a resposta à pergunta "enquanto Cristo não vem, o que é que estamos a fazer?" deve ser: formando cristos.

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